1) Escreva
Escreva muito. Pare de falar a respeito de escrever e escreva.
Escreva tudo o que der na telha na hora. Pode não vir a fazer sentido
algum no final, mas faz parte do processo de criação.
Não tem desculpa: você pode pegar uma folha simples de papel e desandar a escrever. Mas para quem tem acesso a computador, mais fácil ainda: vá jogando tudo num arquivo. Na hora de produzir o roteiro pra valer mesmo, você pode salvar o tal arquivo com outro nome: é mais fácil cortar, reescrever, reorganizar, editar, enfim… Mas isso só é possível se já tiver algo escrito.
Muitas delas são bacanas, mas não funcionam numa história só (vale a
pena guardar para outras). Pense que as coisas têm que fazer sentido –
ações têm consequências, como na vida real, e espera-se que exista
começo, meio e fim. Mesmo que a HQ seja contada fora de ordem
cronológica. Ora, você não aprendeu nada mesmo quando estudou
dissertação na escola?
Vale apelar para as perguntas básicas dos jornalistas: Quem? O quê?
Como? Por quê? Quando? Onde? Enquanto você elabora respostas para essas
perguntas, vai delineando a história na sua cabeça (e no papel, ou na
tela do computador).
3) Não escreva para si mesmo
Esta dica vale especialmente quando o roteiro será desenhado por
outra pessoa (embora acredite que valha mesmo quando se desenha uma
história própria, para não ter que confiar na memória).Um roteiro é uma
ferramenta de trabalho. Você deve expor de maneira clara, o mais
objetivamente possível, o que pretende que seja desenhado. O desenhista
será seu primeiro leitor. Se não conseguir capturar o interesse dele,
quem dirá dos demais? Ele ainda terá uma série de decisões a tomar para
desenhar (acompanhe um profissional decidindo sobre o que colocar numa
página e verá como funciona), então não seja preguiçoso e dê um mínimo
de detalhe sobre as cenas: se não, ele terá que “adivinhar” o que passou
por sua cabeça.
E escreva corretamente em língua portuguesa, por favor: escrever bem
só se aprende com bastante prática e boa leitura. Um roteiro com erros
crassos de português perde total credibilidade e o interesse do leitor.
4) Não fale sobre uma ação: mostre-a
Você pode ser desenhista ou não, mas é importante pensar que o que
você está escrevendo vai virar imagens. Ao invés de colocar uma caixa de
narração explicando que um personagem é malvado, crie uma situação na
qual ele possa demonstrar sua malvadeza. Uma imagem não vale mais que
mil palavras?Quanto mais importante a ação, mais detalhes você tem que
incluir no roteiro, que servirá como orientação para o desenhista. Se
uma expressão de um personagem é importante, num determinado momento,
peça um close (isso, como em linguagem cinematográfica). Se o importante
é mostrar onde ele está, marque um plano geral do local.
Vale lembrar que, num roteiro, você identifica o texto que deve
entrar no quadrinho (nos balões, ou nos quadros de narração). Este texto
sempre deve ser complementar à ação. Na maioria das vezes será ridículo
você colocar um quadro com a narração “Ele desferiu um soco no queixo
do adversário” enquanto o que se vê é um sujeito dando um soco no queixo
de outro.
5) O tempo dos quadrinhos é um caso à parte
O tempo nos quadrinhos é determinado por fatores como o tamanho e
detalhamento de um desenho e pelo espaço de requadro (o intervalo entre
um quadrinho e outro).Você pode narrar ações simultâneas intercalando
quadros. Você pode colocar num quadro ou numa seqüência de quadros, um
desenho que mostre o tempo daquela ação (como uma seqüência que mostra
um sujeito em sua cama do ato de dormir até o de acordar, enquanto no
fundo do quadro vemos uma janela mostrando o sol que vai raiando).
E existe também o tempo de leitura: um quadro de página inteira
pode ser lido rapidamente ou não, dependendo do tamanho do desenho e dos
detalhes contidos nele. É uma opção que se faz. Mas lembre-se: por mais
que o roteirista e desenhista se esforcem para colocar “amarras” no
tempo da HQ, o leitor ainda vai querer determinar seu próprio tempo de
leitura e pode até subverter a ordem de leitura, pulando páginas (é a
parte mais interativa do negócio). Um bom roteiro ajuda o leitor a
mergulhar na história como ela foi concebida.
FONTE:
http://www.saposvoadores.net/2008/05/5-dicas-para-escrever-um-roteiro-de-quadrinhos-blogueiro-reporter.html
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